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Sobre ver a Lua: Mesa-redonda com Anna Bella Geiger

Os curadores Fernando Cocchiarale e Luiz Alberto Oliveira debaterão com a artista sobre suas obras baseadas em fotografias da NASA

O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) promove no próximo sábado (24), às 16h30, uma conversa da artista Anna Bella Geiger com os curadores de arte Fernando Cocchiarale (MAM – Museu de Arte Moderna) e Luiz Alberto Oliveira (Museu do Amanhã) sobre a obra da artista e os trabalhos expostos na mostra individual Uma Visão Lunar. Intitulada Sobre Ver a Lua, a mesa-redonda terá um debate sobre suas gravuras feitas com fotografias da superfície lunar cedidas pela Agência Espacial Americana, a NASA, em 1970. A exposição reúne, no Pavilhão Gautier, 13 serigrafias históricas da série batizada de Fase Lunar e que tem exemplares em diversas coleções internacionais, como a Fondation Cartier pour L’Art Contemporain, de Paris.

Um dos trabalhos deste acervo é a fotosserigrafia Lunar I, de 1973, que virou pop no ano seguinte, depois que a imagem foi licenciada para uma editora estampar a capa de cadernos escolares. “Esta foto foi cedida a mim pela NASA em 1970. Era muito recente o impacto da viagem do homem à lua. Tecnicamente, era inédita essa junção de serigrafia em cor e fotosserigrafia. Continuei a trabalhar com outras imagens da superfície lunar também cedidas pela Agência Espacial Americana”, lembra Anna Bella Geiger. Curador de outra mostra da artista recém-exibida no MAM, Fernando Cocchiarale faz a seguinte afirmação em depoimento na mostra Uma Visão Lunar: “Anna Bella Geiger é uma artista essencial para a arte brasileira da segunda metade do século XX. Ela faz parte do reduzido grupo de artistas do país que elaborou na própria obra, a passagem do moderno para o contemporâneo”.

Uma das mais produtivas e prestigiadas artistas visuais do país, Anna Bella Geiger — discípula da gravadora Fayga Ostrower (1920-2001) e da historiadora Hanna Levy-Deinhard (1912-1984) — tem alguns de seus trabalhos incorporados a importantes coleções internacionais, como as do MoMA (Nova York), do Centre Georges Pompidou (Paris), do Getty Institute (Los Angeles), da Tate Modern e do Victoria and Albert Museum (Londres). Em seu texto sobre a mostra, Anna Bella Geiger informa que toma por base os “ingredientes” comuns a todos os mapas, como projeção, escala e generalização para elaborar suas gravuras. No entanto, o significado da obra é diferente da observação comum aos mapas porque ela interfere deliberadamente nos traçados com distorções e inserções de textos.

Anna Bella Geiger

Nasceu no Rio de Janeiro em 1933. Graduada em Línguas Anglo-Germânicas na Faculdade Nacional de Filosofia (UFRJ). Ainda nos anos 50 estudou História da Arte e Sociologia da Arte com Hanna Levy-Deinhardt na New York University e na New School for Social Research. Participou da 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata em 1952 no Rio de Janeiro. Em 1962 ganhando, com sua obra abstrata, o Primér Premio Casa de las Americas, Havana, Cuba. Tem exposto regularmente desde então, em exposições individuais e coletivas no Brasil e no Exterior, como em várias Bienais Internacionais de São Paulo, Veneza, Bienalle du Jeune (Paris, 1967),  II Bienal de Liverpool, 5 éme Biennale Internationale de Photographie, (Liège, 2000) e na Trienal Poligráfica de San Juan. Algumas coletivas como Artevida – Arte Política, MAM e Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2014), América Latina 1960-2013, Fondation Cartier d’Art Contemporaine (Paris, 2013), La Idea de America Latina, CAAC (Sevilha, 2012), Vídeo Vintáge, Centre Pompidou (2012), Europália – A RUA – MUHKA (Antuérpia, 2011), COMO NOS MIRAM, CGAC (2011), Geopoéticas – 8ª Bienal do Mercosul (2011), Elles@Pompidou (Paris, 2009), Cartografias del deseo, Centro de Arte Reina Sofia (2000). Exposição individual PROJECTIONS XXI, MoMA (NY, 1978). Seus trabalhos integram coleções como a do MoMA (Nova York), do Centre Georges Pompidou (Paris), Tate Modern e Victoria and Albert Museum (Londres), Getty Institute (Los Angeles), The FOGG Collection (Boston) entre outras. Publicou, com Fernando Cocchiarale, o livro Abstracionismo geométrico e informal (Funarte, 1987). Ensina no Higher Institute for Fine Arts (HISK), Ghent, Antuérpia e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), Rio de Janeiro.

Fernando Cocchiarale

Professor de Filosofia do Departamento de Filosofia da PUC-RJ (desde 1978) e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage desde 1990. Autor de livros como Abstracionismo Geométrico e Informal: A Vanguarda Brasileira dos Anos 50 (com Anna Bella Geiger), Rio de Janeiro, MEC / Funarte, 1987 e Quem Tem medo da Arte Contemporânea, Recife, Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2006, publicou cerca de 200 artigos, textos e resenhas em coletâneas, catálogos Jornais e revistas de arte do Brasil e do exterior (tais como o Jornal do Brasil, RJ; Módulo, RJ; Guia das Artes, SP; Galeria e ArtNexus, Colombia). Foi membro da Comissão Curadora do Projeto Rumos Visuais de 1999 a 2000; curador-coordenador do mesmo Projeto entre 2001 / 2002 e, de novembro de 2000 a agosto de 2007, curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foi curador da Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro (2011/2012) e curador das mostras de arte contemporânea do Santander Cultural, Recife (2011). É doutor em Tecnologias da Comunicação e Estética pela Escola de Comunicação da UFRJ (2012). Em 2016 reassumiu a curadoria do MAM do Rio de Janeiro.

Luiz Alberto Oliveira

Físico e curador do Museu do Amanhã. Doutor em cosmologia pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCTIC), foi pesquisador do Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica (ICRA-BR) da mesma instituição, onde também atuou como professor de história e filosofia da ciência. É professor, palestrante e consultor de diversas instituições. Escreveu ensaios para as coletâneas Tempo e história, A crise da razão, O avesso da liberdade, O homem-máquina; Ensaios sobre o medo, Mutações: ensaios sobre as novas configurações do mundo, Mutações: a condição humana, Mutações: a experiência do pensamento, Mutações: elogio à preguiça, Mutações: o futuro não é mais o que era e Mutações: fontes passionais da violência.